Campeonato Brasileiro
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sábado, 18 de abril de 2009

DO FUNDO DO BAÚ: FLUMINENSE (RJ) 1 x 0 VASCO DA GAMA (RJ): (1976)

Crédito: Jornal O Globo

No dia 03 de Dezembro de 1976, num Domingo, Fluminense e Vasco da Gama jogaram pelo Campeonato Carioca no Estádio do Maracanã e os comandados do Técnico Mário Travaglini ganharam por 1 tento a 0, gol do falecido atacante argentino Narciso Doval.
Nesse ano, os tricolores foram bi-campeões estaduais.

O Jogo
FLUMINENSE (RJ) 1 x 0 VASCO DA GAMA (RJ)
Data: 03/10/1976
Campeonato Carioca
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: Armando Marques
Renda: Cr$ 3.258.214,00
Público: 127.052 pagantes
Gol: Doval 119'
Cartões Amarelos: Miguel, Doval, Rivellino, Dé e Luís Augusto.
FLUMINENSE : Renato; Rubens Galaxe, Carlos Alberto Torres, Miguel e Rodrigues Neto;
Carlos Alberto “Pintinho”, Paulo Cézar e Rivellino; Gil, Doval e Dirceu / Técnico: Mário Travaglini.
VASCO DA GAMA: Mazaropi; Toninho, Abel, Renê e Luís Augusto; Zé Mário, Gaúcho e Luiz Carlos; Dé (Fumanchu), Roberto Dinamite e Galdino /Técnico: Paulo Emílio.

O Craque: Roberto Rivellino
Rivellino flutua, curió de plástico / olho de um lado, bola do outro / num longo e lindo elástico / Gilberto Gil e Lamartine / num Suassuna fantástico / um lance de extrema doçura / no meio de um gesto cáustico.

Pelo gosto do pai, seu Nicola, carcamano típico, Roberto jogaria no Palmeiras, o clube do afeto da colônia italiana e dos oriundos. Só que o jovem havia estado lá no Parque Antarctica, até porque também era o time do seu coração. Mas não passou na peneira. Isso foi em 1962 e, a seguir, o rapazinho iria ao Parque São Jorge dar show de bola e ser aprovado no Sport Club Corinthians Paulista. Então, quando o encarregado de relacionar os melhores do treino lhe pediu o nome, esse futuro astro disse decisivo e firme como a palavra já: Roberto Rivellino, com dois "éles", mas o meu apelido na pelada e no futebol de salão é Maloca, nasci aqui em São Paulo, capital, no dia primeiro de janeiro de 1946 e sou filho de...

A partir de 63, os torcedores mais sensatos chegavam cedo ao estádio só para ver o meia enfezado, canhoto e tenso no aspirante corintiano. Por herança do futsal, ele tinha ótimo domínio de bola e capacidade de driblar em espaços mínimos. Houve até quem jurasse ser ele, Rivellino - desde 1954, quando o Timão da capital paulista teve título (até então) a última vez -, o único craque a surgir no clube. À época, os ídolos da memória recorrente da fiel torcida eram Baltazar, Luizinho e Cláudio, pois Gilmar - além de goleiro, a in-glória posição do futebol - deixara o Corinthians brigado. Tudo com um detalhe: nenhum deles fora prata da casa.

A rigor, Roberto Rivellino tanto era ponta como meia-armador a fazer lançamentos magistrais. Além de que, desde cedo, dava o drible elástico, cha-mando a atenção pelo potente chute certeiro. A sua bola era tanta que, aos 19 anos, estreou no profissional alvinegro e, de cara, ganhou a massa corintiana. Nesse mesmo 1965, em 16 de novembro, Rivellino estreou na seleção brasilei-ra representada pelo Corinthians diante do Arsenal, em Londres. E, cinco dias depois, no verdadeiro escrete do Brasil, vencendo a Hungria no Pacaembu. Em 66, já apelidado de O Reizinho do Parque - Pelé era o do mundo -, ele conquistou o seu único título pelo Corinthians: o torneio Rio-São Paulo. Assim mesmo dividindo o troféu com os Botafogo carioca, Vasco da Gama e Santos Futebol Clube.

Com o tempo, Riva - como se dizia - aprimorara-se em cobranças de faltas. Mas recusava bater pênalti, o que fez em apenas cinco vezes na carreira. E voltou ao escrete brasileiro só em 1968, para revezar na meia e, às ve-zes, jogar de extrema-esquerda. Nesse ano, por sinal, além de vencer a sele-ção chilena na Copa Oswaldo Cruz, em 6 de novembro, o Reizinho atuou pelo País também contra uma seleção da Fifa, fazendo um gol no soviético Iashin, o maior quíper já visto na história do futebol. E mereceu isto do alemão Becken-bauer: "Vim ver Pelé, mas acabei vendo Rivellino". À época, em matéria de ar-madores, o futebol do Brasil contava com excelentes nomes. Contudo, apesar da concorrência, Riva fez um ótimo jogo nas eliminatórias da Copa do Mundo. E, a partir disso, escalá-lo era uma baita dor de cabeça nos adversários e um dilema para os técnicos nacionais - como João Saldanha e Zagallo -, que dis-punham ainda de Gérson Canhotinha de Ouro, Ademir da Guia, Dirceu Lopes e Paulo César Caju.

Porém, o momento maior de Rivellino foi a Copa do Mundo de 1970. No México, deslocado por Zagallo para a ponta-esquerda, ele fez cinco das 6 partidas brasileiras. E marcou 3 golaços - dois dos quais lhe valeram dos me-xicanos o nome de "Patada Atômica". Suas atuações marcantes fizeram a mí-dia especializada escalá-lo entre os onze maiores craques dessa Copa de gra-tas recordações para o Brasil. E fazê-lo para sempre um dos mais significativos tricampeões mundiais.

Mas, em São Paulo, o Corinthians o esperava para sair da fila dos sem-títulos paulistas. E a cobrança sobre Roberto Rivellino ia se acumulando. O já falecido e folclórico presidente do clube, Vicente Mateus, entre outras san-dices, insinuava que ele boicotara o Timão. Nesse ínterim, o Reizinho cumpria o dever com o clube e na seleção brasileira ganhava títulos - como a Copa Roca, diante da Argentina, em 1971, e a Taça Independência de 72. À época, com Pelé fora do escrete, ele era o camisa 10 e ídolo nacional. Assim, foi à Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, e teve bom desempenho, apesar do vexame geral da seleção. De volta, por ter perdido a final do campeonato pau-lista para o Palmeiras, o presidente Vicente Mateus o culpou pela derrota. Aí Riva, de temperamento explosivo, pediu para sair. Nesse momento, no clube ninguém lembrava mais o que Roberto Rivellino dissera em 70, logo que voltou com a Taça Jules Rimet debaixo do braço: "Eu trocaria essa glória por um sim-ples título de campeão paulista pelo Corinthians".

A partir disso, o seu endereço esportivo passou a ser as Laranjeiras, no Rio, onde o Fluminense montava um timaço com Carlos Alberto Torres, o argentino Doval e o próprio Riva, o ex-Garoto do Parque. Essa Máquina, como ficou conhecido o tricolor, foi campeã carioca de 1975 e repetiu a dose no ano seguinte. Em 76, também, pelo selecionado do Brasil, Rivellino ganharia as copas Oswaldo Cruz, Roca, Rio Branco, Atlântico e o torneio do bicentenário dos Estados Unidos. A seguir, após classificar o País nas eliminatórias, ele foi ao Mundial na Argentina, em 1978, e lá, contundido, só fez três partidas, con-quistando a terceira colocação do certame. Nessa Copa, vencendo a Itália no dia 24 de junho, Rivellino disputou o seu último jogo pelo escrete brasileiro, fechando a conta em 94 partidas oficiais - realizadas em dez anos a serviço do Brasil. E assinalando 26 gols - bem menos do que os 165 que marcara pelo Corinthians ou os 53 feitos pelo Fluminense nos 158 embates que travou por esse time carioca.

Quando voltou do Mundial na Alemanha, o meia-esquerda do Flu viu que ainda não havia ganho dinheiro com a bola e fez as malas para ir jogar na Arábia Saudita, no El Helai. Lá, além de vencer a Copa do Rei, ele seria cam-peão local em 1980 e 81. Todavia, desentendendo-se com o príncipe manda-chuva do time árabe, voltou ao Brasil em 81. E quis jogar no São Paulo, mas estava com o passe preso ao clube saudita. Então, Rivellino decidiu parar de jogar futebol profissional em definitivo, aos 35 anos, vendendo saúde atrás de um bigode respeitável.

Por esse tempo, um gênio do futebol mundial era seu fã inconteste: Diego Armando Maradona. Tanto que esse argentino disse com convicção: "Foi em Rivellino que me mirei para jogar. Até hoje, tenho em minha memória seu drible perfeito, seu passe preciso e seu chute indefensável". Melhor que isso: o Reizinho soube que Didi, o Mr. Folha-Seca, dissera que ele fora um dos cra-ques mais hábeis que viu em atuação. Assim, cercado de boas lembranças, o ex-craque montaria na capital paulista algumas escolinhas de futebol. E, sem brilho, tornou-se comentarista esportivo de televisão. No plano amoroso, Riva casou, descasou, casou - teve filhos e netos. Porém, em 2004, sem ressenti-mentos do que houve no passado, responsabilidade e ainda a consciência do dever cumprido, Roberto Rivellino assumiu por alguns meses a diretoria de fu-tebol do Corinthians. E, até onde se sabe e foi possível, com êxito.

por: Antonio Falcão


Roberto Rivellino
Data de nascimento: 01/01/1946 em São Paulo
Posição: Meia

Clubes
1965-1974: Corinthians-SP
1975-1978: Fluminense-RJ
1978-1984: Al Hilal - Arábia Saudita
1984-1994: Club Brasil Masters

Títulos
Torneio Rio - São Paulo: 1966
Copa Oswaldo Cruz: 1968, 1976
Copa do Mundo: 1970
Copa Roca: 1971, 1976
Copa da Independência do Brasil: 1972
Campeonato Carioca: 1975, 1976
Copa Atlântica: 1976
Torneio do Bicentenario dos Estados Unidos: 1976
Copa Rio Branco: 1976
Campeonato da Arábia Saudita: 1979, 1980, 1981
Copa da Arábia Saudita: 1980
Copa da cidade de Viña del Mar: 1976
Torneio de Paris: 1976
Troféu Theresa Herrera: 1977

Fontes
http://www.contrapie.com/vercronicas.asp?ID=2041&idioma=3
http://www.sambafoot.com.br

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