Campeonato Brasileiro
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domingo, 30 de maio de 2010

O SÁBIO DA BOLA, COM CARLOS PINHO

Lula de mãos dadas com presidente da África do Sul, Jacob Zuma
Foto: Dida Sampaio / AE

“Que bonito é..."
Estamos prestes a acompanhar mais um grande evento esportivo: a Copa do Mundo, na África do Sul. Algo que, por si só, será marcante. Já que estará distante dos países desenvolvidos, fato incomum nas últimas edições. Como forma de aumentar a aceitação e o envolvimento da sua população com o espetáculo máximo do futebol, as autoridades sulafricanas prometeram mundos e fundos. Um horizonte de crescimento que a escolha como sede proporcionaria ao país, assolado por graves problemas, dentre eles: a fome, as doenças e a violência. Ainda assim, com uma capacidade de alegrar-se bem familiar.

Passara-se todo o período de preparação do país sede para a competição. É, o tempo voa. E o que nós vemos? Pouca coisa. Muito galhardete, muito festejo, a carnavalesca ilusão dos estádios repletos de cores. Entretanto, nada além de maquiagem e um vestido aparentemente aceitável. Mera embalagem, em nada convincente. O desemprego é altíssimo. As greves, freqüentes. A precariedade dos transportes e a insegurança são latentes. O povo mescla a expectativa e o desapontamento. Não há mudança para aquele homem com um sorriso nos lábios, o olhar marejado e o corpo cansado de tanto lutar. Sabedor, porém, de que não pode parar jamais.

E aí, pensamos no Brasil. E nos nossos governantes, com os seus planos, projetos, objetivos, previsões e, especialmente, orçamentos ambiciosos. A eterna potência do futuro. Durante o Estado Novo de Vargas e o Regime Militar, exaltava-se o estado de exceção como forma de garantir o desenvolvimento nacional. Sempre com a visão voltada para um “amanhã”. Após as duas décadas da volta à democracia, a abstração de um porvir “ideal” persiste. Todavia, as desculpas arranjadas e definidas como “o caminho e a verdade” para se chegar lá são outras.

As fichas estão depositadas nos Jogos Olímpicos de 2016 (que serão no Rio) e, principalmente, no Mundial de 2014. Em se tratando deste, fora realizada toda uma campanha nacional e internacional. Compromissos – como os políticos costumam dizer – “firmados” para o início de obras na área de infra-estrutura logística, de transporte (aeroportos, expansão da malha metroviária, aquisição do Trem Bala, etc) e a promessa de não utilização do dinheiro do contribuinte na construção de arenas permeam o discurso político. E o discurso está afiado. Por sinal , somente o discurso. Nossos dirigentes não titubearam ao dar caráter “messiânico” ao acontecimento. Tornou-se um potencial “salvador da pátria”.

O progresso de um país não pode estar condicionado à realização ou não de um evento de um mês – independente do seu grau de importância. É um processo que demanda um longo tempo. O peixe vendido desde 2007 (ano da oficialização do Brasil como sede) satisfaz muito mais as misteriosas pretensões particulares do que o interesse público. Estamos em 2010: o que já foi feito? Quatro anos não são suficientes para se construir um país. Tampouco, consolidar uma nação.

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